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EP 01 - CONEXÕES - PRÓLOGO

Atualizado: 23 de mar.



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Pouco mais de quatrocentos e quarenta quilômetros os separam, fisicamente.

 

440 km.

6 horas de carro.

8 horas de ônibus.

99 horas caminhando.

 

A bordo do 747, pouco mais que 45 minutos de voo.

 

Do estreito corredor da aeronave, até o portão de desembarque, menos de 200 metros os separavam agora.

 

O trajeto era extremamente curto, mas ao mesmo tempo, infinitamente longo.

 

Durante a caminhada, as batidas do coração abafavam o barulho das solas dos sapatos pretos, cuidadosamente lustrados, reluzentes.

 

O Dono estava impecavelmente vestido.

 

Blazer, camisa de tecido fino, calça social.

 

O Homem de Preto caminhava altivo, imponente.

 

Ao longo dos passos largos, repassava mentalmente todo o planejamento feito, por semanas a fio, para que o encontro com a Srta. V. beirasse à perfeição.

 

Mais alguns passos apressados e ali estava ela.

 

Um metro e sessenta e sete, pele clara, cabelos negros, escorrendo sobre os ombros.

 

O colo, recoberto por pequena peça preta, justa.

 

Assim como justíssima estava a legging, marcando o contorno de poderosas coxas, arduamente esculpidas na academia do condomínio.

 

Embora trouxesse um casaquinho jeans, amarrado na cintura, a calça justa revelava o delicioso desenho daquela joia preciosa, protegida pelo fino tecido da calcinha, cuidadosamente guardada entre as coxas: a buceta, tão desejada pelo Dono.

 

Diversas vezes exposta em fotos, vídeos, textos autorais, mensagens e sussurros, enquanto a Srta. V. e o Dono davam lugar à lascívia, através das telas dos smartphones.

 

Impossível não notar a Srta. V.

 

Ela se destacava, dentre os meros mortais ali presentes.

 

Holofotes imaginários foram direcionados sobre seus cabelos negros, que escorriam sobre os ombros, emoldurando a alva face.

 

Setas luminosas denunciavam a sua presença.

 

O delicioso odor dos feromônios era sentido no ar.

 

Uma frase curta e marcante, ecoou na cabeça do Dono:

 

“- É ela! Minha Menina!”.

 

Os olhos do Dono, habilmente treinados, escanearam aqueles cento e sessenta e sete centímetros, de cima a baixo, cuidadosamente, sem deixar escapar um milímetro sequer, observando cada detalhe.

 

Apesar da presença imponente e de todo o magnetismo que o corpo da Srta. V. naturalmente exalava, o nervosismo era perceptível, aos olhos vorazes do Dono.

 

A mão direita, repetidamente passada pelos cabelos negros, demonstrava toda a sua inquietação.

 

Os olhos do Dono escanearam o delicioso corpo da Srta. V., por diversas vezes.

 

O detalhe dos bicos dos peitos, proeminentes, rijos, duros, tesos, como se quisessem rasgar o tecido da peça preta, para serem capturados pelos lábios vorazes do Dono, não passou despercebido.

 

Mentalmente, o Dono repassou, pela milésima vez, o plano meticulosamente preparado para aquele momento.

 

A Srta. V. deveria ajoelhar-se, ali no saguão, em sinal de agradecimento, obediência e respeito. 

 

Beijar as mãos do Dono, sem erguer a cabeça, esperando a autorização para que pudesse olhá-lo nos olhos.

 

Ali, o Dono ergueria o seu queixo, com dedos firmes e extrema delicadeza,

 

Olharia fixamente em seus olhos, buscando o mais profundo da sua alma, até que ela sussurrasse, com uma lágrima de emoção, escorrendo pela face angelical:


“- Tua Menina, Meu Dono!

Seja muito bem-vindo!”.

 

Mas, bastou que os olhos do Dono se atentassem para um detalhe que passara despercebido e terminou por jogar todo o plano perfeito por água abaixo: o tênis!

 

Sim.

 

Um par de tênis pretos.

 

Vans ou All Star?

 

Impossível registrar a marca correta, diante daquele turbilhão de hormônios e de sentimentos confusos, que fervilhava no saguão do Santos Dumont.

 

Isso fez com que o Dono esboçasse um sorriso interno, imperceptível aos olhos da Srta. V.

 

Seguido do sorriso silencioso do Dono, uma palavra simples, de cinco letras:

 

“- Fudeu!”

 

Ali, a armadura do Dono fora atingida, num golpe capaz de romper o emaranhado de kevlar, até então, intransponível.

 

Naquele instante, qualquer plano anteriormente traçado, por mais infalível que pudesse parecer, repassado mentalmente, por inúmeras vezes, foi ladeira abaixo.

 

O tênis quebrou todo e qualquer protocolo, toda e qualquer formalidade, que a ocasião exigia.

 

O primeiro encontro, que deveria ser imponente, enérgico e vertical, conforme a essência do Dono, por diversas vezes demonstrada à Srta. V. (isso a excitava), transformou-se em um abraço carinhoso, acolhedor, protetor.


O Dono recostou a cabeça da sua Menina em seu peito, gesto tantas vezes desejado.

 

A mão poderosa buscou sua nuca.

 

Dedos hábeis e firmes, se enrolaram nos cabelos da Srta. V., sentindo toda a sua maciez.

 

Num gesto lento, o Dono puxou a Srta. V., de forma delicada, para mais próximo de si e respirou profundamente, para que aquele perfume ficasse impregnado em sua alma. 

 

Com a sua Menina envolvida naquele abraço, o Dono foi capaz de sentir todo o calor emanado pelo corpo de cento e sessenta e sete centímetros.

 

Sentia cada pequeno tremor.

 

Sentia o medo e a ansiedade.

 

E, ao mesmo tempo, o prazer que toda caça sente, quando é alcançada pelo predador.

 

Pelos eriçados.


Poros dilatados.

 

Pele contra pele.

 

Coração aos pulos.

 

Respiração descompassada.

 

Sintomas que denunciavam todo o tesão, todo o desejo, que ambos sentiam.

 

O Dono ergueu o rosto da Srta. V., de um jeito firme e, ao mesmo tempo, delicado.

 

Segurou o seu queixo, em um gesto suave.

 

Olhou fixamente em seus olhos e esmagou os seus lábios, com um beijo denso, intenso, carregado de desejo.

 

O beijo, tão desejado por ambos, finalmente agregou os corpos num só, selando um pacto de união entre almas, fundindo-as num amálgama indivisível.




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